Está dentro do próprio corpo; é o aspecto força-de-vida da Alma, o Eu Superior. Sua virtude curativa pode expressar-se por vários meios – ervas e alimentos, banhos quentes, frios ou de lama, respirações profundas, exercícios e tratamentos de osteopatia – ou pela ausência completa deles, como no jejum, muitas vezes o meio mais rápido e eficaz. Ou, desdenhando métodos físicos por exemplo, esse poder pode atuar direta e quase milagrosamente como cura espiritual.
Orar por uma cura física e nada mais é um procedimento limitado e limitador. Ore também para ser iluminado a respeito do porque dessa doença ter caído sobre você. Pergunte também o que você pode fazer para remover sua causa. E, acima de tudo, peça a Água da Vida, como Jesus ordenou à mulher na fonte que pedisse.
Os que não compreendem os trabalhos do Eu Superior esperam que ele sempre se manifeste – se se manifestar de alguma forma – em sua pureza absoluta. Se desejam cura, acham que a ajuda do Eu Superior pode, por exemplo, manifestar-se apenas por uma cura espiritual direta. A verdade é que podem obter a cura por meio puramente físico, como jejum, dieta ou remédio; contudo, o que o incitou a buscar esse meio em especial ou proporcionou um resultado bem sucedido foi o Eu Superior.
Intenção principal de Jesus era curar o homem interior, estimular uma mudança direcional em seu pensamento e sentimento, desvia-lo de uma atitude pecaminosa de vida para uma correta e converte-lo da indiferença espiritual para o entusiasmo espiritual. A cura do corpo nada mais era que um subproduto e só ocorria depois que esses processos internos tivessem sidos realizados com êxito.
Quando os elementos superiores no caráter de um homem prevaleciam sobre os inferiores, seguia-se a vitória, simbolizada pelo retorno da saúde ao corpo enfermo. Era um sinal visível da realidade da cura invisível. Jesus não poderia ter curado as doenças físicas se os sofredores não tivessem previamente sua grandeza, se não tivessem se arrependido de seu modo anterior de vida, se não tivessem pedido perdão e resolvido tornar-se corretos.
Os evangelhos registram os casos daqueles que foram capazes de fazer isso, mas não registraram os casos, em muito maior número, dos que não puderam fazê-lo e cujas doenças físicas permaneceram sem cura. A maioria dos leitores acredita erroneamente que Jesus podia curar toda e qualquer pessoa. Ninguém pode fazer isso, porque ninguém pode forçar a fé, a conversão, a penitencia, a evolução moral e a aspiração espiritual no coração de um homem obstinado.
Há outro fator nas curas de Jesus. Eram muitas vezes acompanhadas da proclamação de que os pecados do paciente lhe eram perdoados. Isso significa, primeiro, que os pré-requisitos acima mencionados tinham sido estabelecidos e, segundo, que o Eu Superior do homem tinha ordenado condescendente o cancelamento do mau destino especial que se havia manifestado na doença. O perdão veio por Jesus como meio, não se originou nele.
Os que acreditam que Jesus pessoalmente podia aliviar a má sorte de todos os homens erram. Ele só podia fazê-lo nos casos em que o próprio Eu Superior do homem assim o desejasse. Jesus então se tornava o instrumento de sua graça. A cura nada mais é que mero incidente no trabalho de um sábio.
Esse indivíduo sempre manterá como propósito primordial a abertura do coração espiritual do homem. É um grande erro uma pessoa comum sentar-se quando tem de enfrentar problemas práticos e dizer: “ Deus cuidará disso para mim “. Deus pode fazê-lo, mas é bem provável que não faça. John Burroughs escreveu o seguinte: “ Sento-me sereno, com as mãos cruzadas, e espero, ó meu Amado; o que é meu virá a mim “. E lemos nos dizeres de Lao Tzu: “ Aquele que se assentar no ultimo lugar será o primeiro. Aquele que se esconder sua própria grandeza será colocado na frente “, etc. essas afirmações são perfeitamente verdadeiras – mas só para o Adepto.
A ele basta sentar-se quieto e todas as coisas vêm; mas os outros – os não-realizados, os materialistas – precisam esforçar-se, lutar e sofrer por tudo aquilo de que necessitam. A dor e o sofrimento, o pecado e o mal, a doença e a morte só existem no mundo dos pensamentos, não no mundo do pensamento puro em si. Embora não sejam ilusões, são passageiros.
Quem quer que atinja o Pensamento puro também atingirá em consciência uma vida sem dor, livre de tristeza, sem pecado, sem decadência, e imortal. Estamos acima dos desejos e do medo, está acima das misérias causadas pelos desejos insatisfeitos pelo medo vivenciado. Ao mesmo tempo, entretanto, terá uma consciência sempre presente da vida no corpo, consciência que deve obedecer às leis do seu próprio ser, leis naturais que nele estabelecem limitações e imperfeições.
Paul brunton, Ph.D
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