Reg Connolly
Por volta de 1700, viveu um médico britânico chamado John Hunter. Ele tinha um péssimo humor e, não surpreendentemente, sofria de angina peitoral. Ele costumava dizer: "Minha vida está à mercê de qualquer salafrário que decida provocar a minha ira." Isso foi profético. Numa reunião do conselho do St. Georges Hospital, ele se envolveu numa discussão acalorada, retirou-se em sinal de desaprovação e caiu morto.
O que a raiva nos provoca
Por milhares de anos tem sido reconhecido que a raiva contribui para numerosas doenças físicas, especialmente as do coração, como no caso de John Hunter. Ela também tem outros efeitos, mais imediatos e desagradáveis. A raiva crônica ou contínua consome muita energia mental e física, retira o prazer da vida, interfere no pensamento construtivo e proveitoso, ameaça nossos relacionamentos e a perspectiva de uma carreira, solapa a nossa auto-estima e, quando exagerada, pode nos obcecar de tal modo que impede outros pensamentos na nossa mente.
Depois de uma forte discussão, você pode ficar afetado por horas, ou mesmo dias, enquanto, por inúmeras vezes, você revisa o evento na sua mente, agita as sensações da raiva e inclui outras. E, durante esse tempo, o seu humor está sendo governado pela memória da pessoa com quem você está furioso. Você está fora de controle. Você é vítima do evento.
O que é raiva?
Raiva é a sensação que experimentamos quando os eventos no nosso mundo não estão indo de acordo com nossos planos ou critérios. É como se tivéssemos uma ideia interna de como as coisas, eventos e pessoas deviam ser – e, quando elas não "dançam no nosso ritmo", ficamos furiosos e, ao mesmo tempo, nos sentimos frustrados ou tentamos mudá-las.
Razão... ou felicidade?
Muitas vezes, sentimos que a nossa raiva é totalmente justificada e ficamos pensando: "Bem, se o mundo andasse segundo as minhas regras, seria um lugar muito melhor – então, quem pode me culpar por me sentir irritado com a estupidez ou a negligência dos outros – com a recusa deles em reconhecerem que o melhor caminho é do meu modo..."
Isso, evidentemente, é tolice. O mundo não anda nem irá andar pelas regras de qualquer um. O mundo sempre será completamente caótico. Esta é a realidade – e não há sentido em estimular isso. Também é um fato que o mundo é povoado por muitas pessoas com regras, valores e comportamentos um pouco excêntricos (de acordo com nossos padrões).
Elas continuarão a dirigir seus carros de maneira diferente da nossa – e a ter diferentes opiniões sobre o que é ou não um comportamento respeitoso, pontualidade, asseio, honestidade, etc. Ficar furioso é inútil porque não muda nada. Nós nem mesmo temos o direito de mudar as outras pessoas.
Você pode sentir que estava com a RAZÃO quando ficou brabo. Mas a pergunta chave é: isso o deixou contente? Isso contribuiu para a sua FELICIDADE? E para a felicidade das pessoas em sua vida?
Como isso ocorre?
Entender a mecânica da sua raiva é o primeiro passo para controlar esse humor. Essa mecânica é bem simples. Você tem uma versão de como as coisas devem ser e compara continuamente a realidade com a sua versão – e fica furioso quando a realidade pega a versão errada!
Como parte desse processo, você tem uma lista mental de gatilhos que você compara com a realidade e quando a realidade pega ‘o errado’, você fica raivoso.
O que fazer com a raiva?
(1) Conservar – ou expressar?
Alguns especialistas dizem que você deve "expressar" a sua raiva em vez de refreá-la. Eles chamam a atenção que a supressão da raiva pode levar a doenças no coração. Outros dizem que expressar a raiva torna as coisas piores porque ela agrava uma situação já difícil e pode trazer consequências desagradáveis para os seus relacionamentos, sua carreira, e até mesmo para a sua autonomia pessoal.
A escolha parece ser desabafar, e não ficar doente – mas você pode acabar sozinho ou na prisão. Ou dominar a sua raiva e ser mais benquisto – porém ficar doente!
Felizmente, existe uma terceira opção – em primeiro lugar, não ficar furioso.
(2) Dissolver a raiva
A melhor maneira de lidar com o hábito da raiva é impedir, em primeiro lugar, sua ocorrência. Descobrir quais os gatilhos que despertam as suas sensações de raiva e desativar cada um sistematicamente. Ao fazer isso, reconheça como esses gatilhos o controlam, porque é isso que eles fazem – você encontra o gatilho e vai embora – no piloto automático, fora de controle, dirigido por suas emoções.
Comece fazendo uma lista de todos os gatilhos que produzem faíscas em você. Ao fazer isso, considere o valor de permanecer no controle desses gatilhos. Por exemplo, a sua auto-estima sofre – mais tarde você se sente mal porque se deixou envolver e perdeu o controle. Você se sente mal pensando em como os outros o enxergam. Sua família, seus parceiros e seus amigos tendem a tratá-lo com precaução, porque eles não podem relaxar na sua companhia – eles têm que ficar de guarda, esperando a próxima explosão. E, depois, aquelas desculpas e intenções – "Eu sinto muito. Nunca mais vou fazer ou dizer isso novamente. Eu prometo!" E ninguém mais acredita em você.
Há também o custo para a sua paz de espírito, ao revisar os eventos infinitas vezes, repassá-los e sentir novamente as mesmas sensações repetidas vezes! E, todos os dias, ficar atento a todas as oportunidades para se sentir perturbado.
(3) Um gatilho por semana
Pegue um gatilho por semana e desative-o. Decida que a partir de agora você quer ser feliz na maior parte do tempo, mesmo que tenha que deixar as pessoas "fazerem as coisas do jeito delas". Escreva o custo de continuar vítima desse gatilho para a sua saúde, felicidade, relacionamentos, etc.
Só fazer isso não irá impedi-lo de ficar furioso. Você precisa fazer um pouco mais. Ao ficar furioso, acalme-se imediatamente com algum exercício de respiração e depois tenha um papo racional com você mesmo – "Tá certo, fiz de novo. Eu me deixei levar. Mais uma vez fui enganado por ele. Mas estou aprendendo a aceitar as coisas mais facilmente pois sei o que me custa deixar os gatilhos me controlarem e também porque já estou farto de ser vítima deles!"
Desenvolver dessa maneira a sua atenção, de forma metódica, irá desativar gradualmente a sua tendência de perder as estribeiras. Também desativa a tendência de justificar a sua raiva. Na PNL nós chamamos esses gatilhos de âncoras .
Os epiléticos sabem quando um ataque é iminente e tomam as precauções adequadas;
nós devemos fazer o mesmo com relação à raiva. (Sêneca)
Nem tudo é "ruim"
Lembre-se de que nem toda raiva é insalubre. Algumas vezes a raiva é bastante apropriada – ela pode ser a nossa defesa para impedir que outras pessoas nos manipulem ou nos dominem. E pode nos motivar a agir contra a injustiça. A raiva é saudável quando não é contínua e quando canalizada adequadamente em uma ação apropriada.
Reg Connolly é Trainer Certificado e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e vendas.
Esse artigo "Dealing with the Anger Habit" está no site The Pegasus NLP Newsletter.
(c) 2000-2009 Reg Connolly - copyrighted, todos os direitos reservados.
Por volta de 1700, viveu um médico britânico chamado John Hunter. Ele tinha um péssimo humor e, não surpreendentemente, sofria de angina peitoral. Ele costumava dizer: "Minha vida está à mercê de qualquer salafrário que decida provocar a minha ira." Isso foi profético. Numa reunião do conselho do St. Georges Hospital, ele se envolveu numa discussão acalorada, retirou-se em sinal de desaprovação e caiu morto.
O que a raiva nos provoca
Por milhares de anos tem sido reconhecido que a raiva contribui para numerosas doenças físicas, especialmente as do coração, como no caso de John Hunter. Ela também tem outros efeitos, mais imediatos e desagradáveis. A raiva crônica ou contínua consome muita energia mental e física, retira o prazer da vida, interfere no pensamento construtivo e proveitoso, ameaça nossos relacionamentos e a perspectiva de uma carreira, solapa a nossa auto-estima e, quando exagerada, pode nos obcecar de tal modo que impede outros pensamentos na nossa mente.
Depois de uma forte discussão, você pode ficar afetado por horas, ou mesmo dias, enquanto, por inúmeras vezes, você revisa o evento na sua mente, agita as sensações da raiva e inclui outras. E, durante esse tempo, o seu humor está sendo governado pela memória da pessoa com quem você está furioso. Você está fora de controle. Você é vítima do evento.
O que é raiva?
Raiva é a sensação que experimentamos quando os eventos no nosso mundo não estão indo de acordo com nossos planos ou critérios. É como se tivéssemos uma ideia interna de como as coisas, eventos e pessoas deviam ser – e, quando elas não "dançam no nosso ritmo", ficamos furiosos e, ao mesmo tempo, nos sentimos frustrados ou tentamos mudá-las.
Razão... ou felicidade?
Muitas vezes, sentimos que a nossa raiva é totalmente justificada e ficamos pensando: "Bem, se o mundo andasse segundo as minhas regras, seria um lugar muito melhor – então, quem pode me culpar por me sentir irritado com a estupidez ou a negligência dos outros – com a recusa deles em reconhecerem que o melhor caminho é do meu modo..."
Isso, evidentemente, é tolice. O mundo não anda nem irá andar pelas regras de qualquer um. O mundo sempre será completamente caótico. Esta é a realidade – e não há sentido em estimular isso. Também é um fato que o mundo é povoado por muitas pessoas com regras, valores e comportamentos um pouco excêntricos (de acordo com nossos padrões).
Elas continuarão a dirigir seus carros de maneira diferente da nossa – e a ter diferentes opiniões sobre o que é ou não um comportamento respeitoso, pontualidade, asseio, honestidade, etc. Ficar furioso é inútil porque não muda nada. Nós nem mesmo temos o direito de mudar as outras pessoas.
Você pode sentir que estava com a RAZÃO quando ficou brabo. Mas a pergunta chave é: isso o deixou contente? Isso contribuiu para a sua FELICIDADE? E para a felicidade das pessoas em sua vida?
Como isso ocorre?
Entender a mecânica da sua raiva é o primeiro passo para controlar esse humor. Essa mecânica é bem simples. Você tem uma versão de como as coisas devem ser e compara continuamente a realidade com a sua versão – e fica furioso quando a realidade pega a versão errada!
Como parte desse processo, você tem uma lista mental de gatilhos que você compara com a realidade e quando a realidade pega ‘o errado’, você fica raivoso.
O que fazer com a raiva?
(1) Conservar – ou expressar?
Alguns especialistas dizem que você deve "expressar" a sua raiva em vez de refreá-la. Eles chamam a atenção que a supressão da raiva pode levar a doenças no coração. Outros dizem que expressar a raiva torna as coisas piores porque ela agrava uma situação já difícil e pode trazer consequências desagradáveis para os seus relacionamentos, sua carreira, e até mesmo para a sua autonomia pessoal.
A escolha parece ser desabafar, e não ficar doente – mas você pode acabar sozinho ou na prisão. Ou dominar a sua raiva e ser mais benquisto – porém ficar doente!
Felizmente, existe uma terceira opção – em primeiro lugar, não ficar furioso.
(2) Dissolver a raiva
A melhor maneira de lidar com o hábito da raiva é impedir, em primeiro lugar, sua ocorrência. Descobrir quais os gatilhos que despertam as suas sensações de raiva e desativar cada um sistematicamente. Ao fazer isso, reconheça como esses gatilhos o controlam, porque é isso que eles fazem – você encontra o gatilho e vai embora – no piloto automático, fora de controle, dirigido por suas emoções.
Comece fazendo uma lista de todos os gatilhos que produzem faíscas em você. Ao fazer isso, considere o valor de permanecer no controle desses gatilhos. Por exemplo, a sua auto-estima sofre – mais tarde você se sente mal porque se deixou envolver e perdeu o controle. Você se sente mal pensando em como os outros o enxergam. Sua família, seus parceiros e seus amigos tendem a tratá-lo com precaução, porque eles não podem relaxar na sua companhia – eles têm que ficar de guarda, esperando a próxima explosão. E, depois, aquelas desculpas e intenções – "Eu sinto muito. Nunca mais vou fazer ou dizer isso novamente. Eu prometo!" E ninguém mais acredita em você.
Há também o custo para a sua paz de espírito, ao revisar os eventos infinitas vezes, repassá-los e sentir novamente as mesmas sensações repetidas vezes! E, todos os dias, ficar atento a todas as oportunidades para se sentir perturbado.
(3) Um gatilho por semana
Pegue um gatilho por semana e desative-o. Decida que a partir de agora você quer ser feliz na maior parte do tempo, mesmo que tenha que deixar as pessoas "fazerem as coisas do jeito delas". Escreva o custo de continuar vítima desse gatilho para a sua saúde, felicidade, relacionamentos, etc.
Só fazer isso não irá impedi-lo de ficar furioso. Você precisa fazer um pouco mais. Ao ficar furioso, acalme-se imediatamente com algum exercício de respiração e depois tenha um papo racional com você mesmo – "Tá certo, fiz de novo. Eu me deixei levar. Mais uma vez fui enganado por ele. Mas estou aprendendo a aceitar as coisas mais facilmente pois sei o que me custa deixar os gatilhos me controlarem e também porque já estou farto de ser vítima deles!"
Desenvolver dessa maneira a sua atenção, de forma metódica, irá desativar gradualmente a sua tendência de perder as estribeiras. Também desativa a tendência de justificar a sua raiva. Na PNL nós chamamos esses gatilhos de âncoras .
Os epiléticos sabem quando um ataque é iminente e tomam as precauções adequadas;
nós devemos fazer o mesmo com relação à raiva. (Sêneca)
Nem tudo é "ruim"
Lembre-se de que nem toda raiva é insalubre. Algumas vezes a raiva é bastante apropriada – ela pode ser a nossa defesa para impedir que outras pessoas nos manipulem ou nos dominem. E pode nos motivar a agir contra a injustiça. A raiva é saudável quando não é contínua e quando canalizada adequadamente em uma ação apropriada.
Reg Connolly é Trainer Certificado e Master Practitioner de PNL, treinador de administração e vendas.
Esse artigo "Dealing with the Anger Habit" está no site The Pegasus NLP Newsletter.
(c) 2000-2009 Reg Connolly - copyrighted, todos os direitos reservados.
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