Processo tiranizante dos Espíritos obsessores
O leitor conhece alguém que a admite sem resistência ?
Dr. Iso Jorge Teixeira*
Mulher e morte
Jacob de Gheyn II, séc. 17 (IMAGEM III )
O fascinado não admite estar sendo enganado, pois se compraz pelo fato do seu amor-próprio estar sendo exaltado
(Iso Jorge Teixeira)
Fogo e Controle
KARDEC compara o mecanismo de ação do obsessor a um manto ou um lençol d’água com que se abafa o fogo
(Iso Jorge Teixeira) (IMAGEM II)
Vaidade e morte
Jacob de Gheyn II, séc. 17
Obsessor e obsidiado estão intimamente ligados. Na fascinação há sempre a vaidade e orgulho do médium e uma paixão
(Iso Jorge Teixeira) (IMAGEM I)
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No dia 08 de novembro/2005 escreveu-nos uma leitora, que permanecerá no anonimato sob pseudônimo, a seu pedido explicitado, abaixo, disse ela:
“Caro Dr.Iso
Seus artigos sempre sérios e instrutivos , evidenciando os seus estudos e pesquisas da Doutrina Espírita, nos trazem enormes contribuições no entendimento dos Ensinos dos Espíritos Superiores. Diante disso, julgo oportuno solicitar ao Sr. um artigo sobre Fascinação; pois temos visto uma avalanche de comunicações de Espíritos desencarnados, e percebemos que a falta de análise, observação dessas comunicações tem causado inúmeras distorções do ensinos doutrinários, e visto que médiuns acabam sendo envolvidos em idolatrias, causando toda a espécie de constrangimentos. Espero a sua compreensão dessa parte confidencial.
Agradeço antecipadamente a sua atenção.
Que Deus o inspire sempre .
Jeanne Beck – São Paulo - SP
“Obs.: Dr.Iso se puder trocar o meu nome em seu artigo, eu lhe agradeço, pois no meu convívio social/ familiar, estamos enfrentando um caso de fascinação ( há 17 anos), e as pessoas lêem seus artigos..e meu nome poderia causar algum mal estar principalmente nos que ainda não perceberam que a pessoa esta nesse processo de fascinado.”
Bem, caríssima Sra. leitora JEANNE, a grande dificuldade no processo de fascinação está, exatamente, no fato do fascinado não perceber, ou melhor, não admitir que esteja sendo enganado, como se diz popularmente: ¾ É igual marido enganado, é o último a saber... Fazemos esta analogia porque, a nosso ver, há sempre na fascinação um fenômeno que em psico(pato)logia denominamos paixão. Mas, antes de abordarmos este aspecto vamos estudar doutrinariamente o processo de fascinação...
Da Obsessão
A fascinação é um tipo de obsessão. Vamos, então, definir obsessão e citar os outros tipos...
A obsessão é a ação voluntária, tenaz, que um Espírito inferior exerce sobre uma pessoa com o objetivo de dominá-la e prejudicá-la; em geral, pelo simples prazer de infelicitar a pessoa.
Além de um capítulo inteiro dedicado ao estudo da obsessão, o Capítulo 23 de “O Livro dos Médiuns” (OLM), KARDEC faz referência às obsessões em inúmeras outras obras...
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Obsessão por amor ???
A obsessão é sempre produzida por um Espírito imperfeito, com o objetivo de prejudicar, não há amor na ação...
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Gostaríamos de chamar a atenção aos Srs. leitores e leitoras, a fim de que não paire dúvidas, para o fato de que a obsessão é sempre produzida por um Espírito imperfeito, com o objetivo de prejudicar, não há amor na ação do obsessor; logo, não tem sentido falar-se em “obsessão por amor”, como já ouvimos alguns confrades advogarem-na... Nesta, aplicar-se-ia o blague do adágio: ¾ A estrada para o inferno está calçada de bem-intencionados... KARDEC deixa isso bem claro, especialmente na conceituação contida em suas “Obras Póstumas”, onde ele diz, no item 56:
“A obsessão consiste no domínio que os maus Espíritos assumem sobre certas pessoas, com o objetivo de escravizar e submeter à vontade deles, pelo prazer que experimentam em fazer o mal.” – grifos nossos (op. cit., Edit. FEB, 13 ed., 1973, p. 67).
Embora o Codificador admita “Espíritos obsessores sem maldade”, no item 246 de OLM, tais Espíritos estão sempre dominados pelo “orgulho do falso saber” e, portanto, não são bons Espíritos, são muito IMPERFEITOS... A propósito, disse KARDEC no item 6.º da Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos, outubro/1858, um dos pontos-chaves para o assunto:
“6.º- A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus e afastam-se, desde que não sejam ouvidos.” – grifo nosso (op. cit., trad. JÚLIO ABREU FILHO, EDICEL, São Paulo, p. 277).
Portanto, pensamos que o Codificador não poderia ser mais claro nas suas explicações, não obstante, alguns confrades fazem muita confusão neste assunto, seja querendo ver obsessão em tudo, especialmente entre encarnados ou negando-se a sua existência, quando ela é evidente, especialmente na fascinação, que estudaremos mais adiante...
Há os seguintes tipos de obsessão:
1- Obsessão simples; 2- Fascinação; 3- Subjugação, que, em seu paroxismo (isto é, com maior intensidade) chama-se Possessão.
Atendamos, então, a solicitação da Sra. JEANNE e estudemos a FASCINAÇÃO...
Que é Fascinação?
No item 239 de “O Livro dos Médiuns” (OLM) vemos a conceituação de KARDEC, explicando-nos o que é a fascinação:
“(...) É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente.” –[grifos nossos].
E o Codificador complementa o ensino:
“(...) A ilusão pode mesmo ir até a ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.”
Como podemos demonstrar, através da conceituação de KARDEC, é errônea a idéia de que seria “caridade” deixar um obsidiado participar de reuniões mediúnicas. Ora, se a sua capacidade de comunicação com os Espíritos está comprometida a ponto de paralisar-lhe o raciocínio, a ponto de achar sublime a linguagem mais ridícula, independentemente do seu nível intelectual!... Em alguns outros artigos já defendemos essa tese em relação ao inconveniente de pessoas obsidiadas e doentes mentais participarem de reuniões mediúnicas, por isso, não detalharemnos, aqui, a nossa opinião; só a citamos para mostrar mais um dos argumentos que ratificam a nossa opinião...
Prossigamos com o nosso estudo... Fazendo a distinção entre obsessão simples e fascinação, disse KARDEC em OLM, Capítulo 23, no mesmo item 239 (3 º parágrafo):
“Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os Espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter. Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquele se impacienta por desembaraçar-se. Na segunda, a coisa é muito diversa.(...)”
O mestre de Lyon, então, passa a mostrar o caráter do Espírito obsessor na fascinação:
“(...) Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude. Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber.” – [grifos nossos].
Na mesma linha de raciocínio, lemos na Revista Espírita, de outubro/1858:
“Os Espíritos grosseiros são menos perigos: reconhecemo-los imediatamente e não inspiram mais que repugnância. Os mais temíveis, em seu mundo, como no nosso são os Espíritos hipócritas: falam sempre com doçura, lisonjeando as inclinações; são meigos, manhosos, pródigos em expressões carinhosas e em protestos de dedicação. É preciso realmente ser forte para resistir a semelhantes seduções.” – grifos nossos – (op. cit., p. 279).
Bem, como destacamos, acima, não temos pretensão de convencer um fascinado com este nosso artigo, não obstante, perguntamos aos Srs. leitores e leitoras se conhecem algum médium, em cujas psicografias aparecem com freqüência as palavras ou expressões parecidas como CARIDADE, HUMILDADE, AMOR DE DEUS... Se conhecem algum cujas manifestações são sempre de Espíritos tentando demonstrar doçura, lisonjeadores, manhosos, etc.; leiam o CONTEÚDO das manifestações mediúnicas dele, se denotam ou não um Espírito inferior; porque, acreditamos, o médium fascinado dificilmente admitirá que está sendo enganado. Aliás, perguntamos aos Srs. leitores: conhecem alguém que admite a própria fascinação sem resistência ?... Tem razão a Sra. leitora JEANNE – há “uma avalanche de comunicações de espíritos desencarnados” atualmente e, diremos nós, através de médiuns fascinados, especialmente nos chamados romances mediúnicos do tipo “água-com-açúcar”, com um pieguismo indisfarçável dos Espíritos comunicantes, tão ao gosto para aqueles em que as fantasias bastam ...
Dificuldade de convencimento
É extremamente difícil convencer um médium de que ele esteja sendo logrado, enganado, e é esta dificuldade que demonstra o grau de controle do pensamento exercido pelo obsessor sobre o obsidiado, pois este julga que o(s) Espírito(s) que se comunicam com ele são “superiores”...
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TIRANDO A MÁSCARA
KARDEC recomenda que tiremos a máscara dos Espíritos obsessores que agem na fascinação
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Eis o que KARDEC nos informa a respeito, na “Revista Espírita – jornal de estudos psicológicos”, de outubro/1858:
“Seja por entusiasmo, seja por fascínio dos Espíritos ou seja por amor próprio, em geral o médium psicógrafo é levado a crer que os Espíritos que se comunicam com ele são superiores; e isto tanto mais, quanto mais os Espíritos, vendo sua propensão, não deixam de ornar-se com títulos pomposos, conforme a necessidade e, segundo as circunstâncias, tomam nomes de santos, de sábios, de anjos, da própria Virgem Maria e fazem o seu papel como atores, vestindo ridiculamente a roupagem das pessoas que representam.”
Em seguida, KARDEC recomenda:
“(...) Tirai-lhes a máscara e se tornam o que eram: ridículos. É isto o que se deve saber fazer, tanto com os Espíritos quanto com os homens.” – grifo nosso - (op. cit., trad. JÚLIO ABREU FILHO, EDICEL, São Paulo, p. 279).
Não obstante, em tais palavras de KARDEC, vemos hoje confrades com um beatismo indisfarçável dizerem: ¾ Ora, o que importa é a mensagem!... Contudo, apesar de alguns confrades serem bem inteligentes, não procuram analisar com frieza as mensagens, pois idolatram determinados médiuns... Vejamos num exemplo, do que é capaz um obsessor e onde a credulidade de um homem obsidiado pode chegar, obviamente por orgulho...
No mesmo número da Revue, acima citada, a de outubro/1858, é relatado o caso de um moço com obsessão, com fascinação, leiamos o relato:
“O Sr. F., moço instruído, de esmerada educação, de caráter suave e benevolente, mas um pouco fraco e sem resolução pronunciada, tornou-se médium psicógrafo com muita rapidez. Obsidiado pelo Espírito que dele se apoderou e lhe não dava repouso, escrevia incessantemente. Desde que uma pena ou um lápis lhe caía na mão, tomava-o num movimento convulsivo e enchia páginas e páginas em poucos minutos. Na falta de material, simulava escrever com o dedo, em qualquer parte onde se encontrasse: na rua, nas paredes, nas portas, etc. Entre outras coisas, esta lhe era ditada: “O homem é composto de três coisas: o homem, o mau Espírito e o bom Espírito. Todos vós tendes vosso mau Espírito, que está ligado ao corpo por laços materiais. Para expulsar o mau Espírito é necessário quebrar esses laços, para o que é preciso enfraquecer o corpo. Quando este se acha suficientemente enfraquecido – prossegue o Espírito obsessor, citado por KARDEC – o laço se parte e o mau Espírito vai embora, deixando apenas o bom”.
Prosseguindo em seu relato, muito instrutivo, lemos na Revue:
“(...)
Em conseqüência desta bela teoria fizeram-no jejuar durante cinco dias e velar à noite. Quando estava extenuado, eles lhe disseram: ‘Agora a coisa está feita e o laço partido. Teu mau Espírito se foi: ficamos apenas nós, em quem deves crer sem reservas’. E ele, persuadido de que seu mau Espírito havia fugido, acreditava cegamente em todas as suas palavras.(...)” – (op. cit., p. 279-280)
Aí está um belíssimo exemplo de como agem os obsessores e o porquê dos fascinados negarem-se a ouvir conselhos de pessoas mais experientes, isto é, acreditam SEM RESERVAS em tudo o que dizem os Espíritos, o que está frontalmente em oposição ao diz a Doutrina dos Espíritos em relação aos Espíritos Superiores – estes nunca desejam serem ouvidos sem reservas, pois, então, onde estaria o livre-arbítrio de cada um de nós?!... Além disso, convém ressaltar as palavras de KARDEC na “Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos”, desta vez a de dezembro/1862:
“Resta sempre a questão de saber se o bom Espírito é menos poderoso que o mau. Não é o bom Espírito que é mais fraco: é o médium que não é bastante forte para livrar-se do manto que sobre si foi lançado, para desembaraçar-se dos braços que o apertam, COM O QUE – É BOM DIZER – POR VEZES SE COMPRAZ.” – grifo nosso – (op. cit., trad. JÚLIO ABREU FILHO, p. 362).
Inúmeros confrades falam na obsessão como se SEMPRE o obsidiado SOFRESSE; ora, na fascinação propriamente dita, não há sofrimento do obsidiado – ele tem PRAZER na relação com o Espírito obsessor, o sofrimento só virá depois, se o processo continuar, como no caso, acima, em que a fascinação degenerou para a subjugação. Eis um dos grandes perigos da fascinação ...
Mecanismos de ação conhecidos no fenômeno da FASCINAÇÃO (e dos outros tipos de obsessão)
Embora haja outros autores importantes do ponto de vista do conhecimento do Espiritismo é inegável que a base está em KARDEC, por isso estamos citando-o tantas vezes... Vejamos o que ele nos esclarece em relação aos mecanismos de ação no processo de fascinação, leiamos um trecho da “Revista Espírita – Jornal de estudos psicológicos”, a de dezembro/1862:
“Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu perispírito, como num manto; os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem e, então, o Espírito pode servir-se daquele corpo como se fora o seu próprio, faze-lo agir à sua vontade, falar, escrever, desenhar, etc. assim são os médiuns. (...) se for perverso, mau, ele o constrange, até paralisar a vontade e a razão, que abafa com seus fluidos, como se apaga o fogo sob um lençol d’água.(...)” (op. cit., p. 359).
Aí está, KARDEC compara a ação de um obsessor com um manto ou um lençol d’água apagando o fogo, abafando os fluidos do obsidiado. De fato, a comparação é feliz, pois, a nosso ver, a fascinação é um processo que dá PRAZER ao obsidiado, estimulando o “fogo das suas paixões”, ou melhor, é a fascinação uma espécie de PAIXÃO; vejamos esta nossa tese, em seguida...
Definindo PAIXÃO do ponto de vista psico(pato)lógico e espírita
Em Psico(pato)logia, no capítulo da AFETIVIDADE, estudamos um assunto em que há muita confusão, mesmo entre alguns psiquiatras, estamos referindo- nos à Paixão. Vejamos o que nos dizia a respeito o nosso grande mestre da Psiquiatria brasileira, prof. A. L. NOBRE DE MELO em sua PSIQUIATRIA – volume I, MEC / Civ. Brasileira, Rio de Janeiro, p. 522:
“O termo paixão designa, em nosso entender, um estado afetivo absorvente e tiranizante, que polariza a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, que passa a monopolizar seus pensamentos e suas ações, com exclusão ou em detrimento de tudo mais.”
Aí está rigorosamente definido o termo “paixão”. Mais adiante ensina-nos o grande mestre NOBRE:
“Será oportuno recordar, a propósito, que, em seu célebre “Tratado das Paixões”, Descartes veio a ampliar demasiado esse conceito, a ponto de nele querer englobar tudo o que não fosse atividade voluntária (percepções, sentimentos, emoções). É verdade que, nem por isso, deixava de reconhecer que também há paixões nobres e úteis, e que, em certas circunstâncias, pode a razão lograr manter seu império, soberano sobre elas. (...)”
Mais adiante, na referida obra (págs. 522-523) diz o mestre NOBRE DE MELO:
“De qualquer modo, e não obstante a opinião de Bousset, que via no amor a fonte e a origem de todas as paixões, o certo é que também para Spinoza, Rousseau, Montaigne e seus epígonos, representam as paixões, apetites cegos e indomáveis, que entravam e perturbam o entendimento, a reflexão, o raciocínio e o julgamento, arrastando o homem à violência, aos desregramentos, fanatismos, sectarismos e despotismos , com todas as suas conseqüências. (...)”.
Não temos dúvida de que as paixões podem ser úteis em alguns casos, mas como elas são essencialmente derivadas da vida instintiva e, portanto, primitivas, animais, dificilmente elas são controladas cognitivamente, daí o grande perigo das fascinações, pois nestas o obsessor, usando da hipocrisia e estimulando o amor-próprio do obsidiado, coloca-o à sua disposição, enganando-o, utilizando exatamente aquilo que dificilmente ele controla – as paixões.
Muito interessante este aspecto da utilidade ou não das paixões, pois a Espiritualidade Superior já mostrava esta distinção em 1857, quando foi publicado pela primeira vez “O Livro dos Espíritos” (OLE). Vejamos o que a Espiritualidade Maior nos trouxe de subsídios a respeito... Leiamos no item II. DAS PAIXÕES. Livro III, Capítulo XII, de OLE, as questões 907 e 908 e suas respostas:
907. O princípio das paixões sendo natural é mau em si mesmo?
¾ Não. A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal.
908. Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?
¾ As paixões são como um cavalo, que é útil quando governado e perigoso quando governa. Reconhecei, pois, que uma paixão se torna perniciosa no momento em que a deixais de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para vós ou para outro.
O Circo. 1878-1888. Henri de TOULOUSE-LAUTREC
COMO UM CAVALO
As paixões são como um cavalo, que é útil quando governado e perigoso quando governa
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Comentando essas respostas, disse KARDEC dentre outras coisas:
“Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal distancia-o da natureza espiritual.
Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal anuncia o predomínio do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.”
Se atentarmos bem para a profundidade das respostas às questões 907 e 908 de OLE e pensarmos que os médiuns que serviram à codificação eram, em sua maioria, meninas adolescentes, teremos mais um motivo para a convicção da realidade do mundo espiritual. Complementando, gostaríamos de citar, também a questão 909 e resposta de OLE, pois ela se encaixa como uma luva naqueles que estão num processo de fascinação...
909. O homem poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços?
¾ Sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade. Ah! Como são poucos os que se esforçam!
EPÍLOGO
Aí está, caríssimo leitor, o fascinado sente prazer no processo obsessivo de que é vítima e pouco ou em nada se esforça para vencer as suas paixões, deletérias para si mesmo ou para outrem, porque, afinal de contas, uma pessoa sob o império da fascinação é de relação social muito difícil, pelo seu orgulho, prepotência e, em muitos casos, causadora da quebra da harmonia familiar... Mas que não se culpe somente o obsessor por tais desarmonias, porque, como diz o povo: ¾ Quando um não quer, dois não brigam! Ou melhor, só há obsessão se houver SINTONIA entre os Espíritos...
Enfim Sra. JEANNE BECK, caríssimas leitoras, estimados leitores, esperamos ter trazido subsídios sobre o assunto que me foi solicitado e que o fascinado controle suas paixões e as sublimem para pensamentos e ações positivas, só assim governará e deixará de ser governado pelo animal que há dentro de si, caso contrário cairá do cavalo, he he he...
Ninguém fica 17 anos fascinado impunemente, a fascinação pode degenerar para a subjugação, não é mesmo Sra. JEANNE?!... Que o seu familiar pare, um pouquinho que seja, para pensar e faça aquele esforço aconselhado pela Espiritualidade Superior em resposta à questão 909 de OLE e que admita que o seu prazer é efêmero e ILUSÓRIO e abra os olhos, cure a própria cegueira... Não custa nada, é bom para si mesmo e para a felicidade geral da família, ou não?... A OPÇÃO é sua.
* Médico. Psiquiatra. Prof. Livre - Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Coordenador do Curso de Especialização em Psiquiatria (FCM - UERJ)
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