Pular para o conteúdo principal

CORPO MENTAL E PERISPÍRITO

Aloysio R. Paiva





(Transcrito de 'Reformador" de Junho de 1978.)




Sob o ponto de vista de sua finalidade, corpo quer dizer - instrumento de manifestação. Assim, quando dizemos corpo físico estamos nos referindo ao veículo carnal de que se utiliza o Espírito durante a permanência na crosta planetária, em cada reencarnação. Após nova experiência terrena, passa a usar outro corpo, isto é, volta a utilizar-se de veículo de manifestação adequado á matéria sutil de que se reveste o mundo espiritual. Assim como a Nona Sinfonia de Beethoven precisa de uma aprimorada orquestra para ser bem executada, o Espírito - a centelha divina, a parte substancial e eterna do ser- precisa de meios para poder manifestar-se e agir ostensivamente, segundo o estado vibratório da substância que compõe os diversos planos da Criação.

Com relação ao corpo extraterreno, é de se considerar, ainda, a farta sinonímia registrada em nosso vocabulário. "O Livro dos Espíritos” adota o termo perispírito, que quer dizer - em tomo do Espírito. Ele é designado, ainda, por corpo espiritual, corpo astral, corpo etéreo, ou, então, como se vê em André Luiz, psicossoma. Tudo isso expressa a mesma coisa.

Feito esse intróito, passemos ao tema a que nos propomos.

Hoje, após os ensinamentos recebidos dos Espíritos Reveladores, podemos ter uma idéia bem mais clara da indumentária que passaremos a utilizar, após a experiência carnal.

Enquanto o corpo físico é relativamente estável, com as variações verificadas nos estágios de crescimento e decrepitude, o corpo espiritual do ser humano é bastante variável. Isso se deve a sua estrutura, que apresenta, segundo André Luiz:



Formação sutil, urdida em recursos dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória, á face do sistema de permuta visceralmente renovado, se distribuem mais ou menos á feição das partículas colóides, com a respectiva carga elétrica, comportando- se no espaço segundo a sua condição especifica, e apresentando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta. (1)



Estando intimamente ligada ao "campo mental a que se ajusta", a matéria quintessenciada, de que se reveste o perispírito, sofre, como não podia deixar de ser, influência decisiva do poder mental da criatura, a ponto de o corpo espiritual poder tomar a forma que o Espírito queira (2). Muito elucidativo, a esse respeito, é o exemplo mencionado por C. C. Botelho, em “Memórias de um Suicida", onde Aníbal de Silas, entidade de grande hierarquia espiritual, se apresentava como um quase adolescente, tendo ele sido o menino acariciado por Jesus, há dois mil anos, quando enunciava a imorredoura lição: “Deixai vir a mim os pequeninos.. .” (3)

Esse ascendente mental, que elabora e comanda o corpo espiritual, possui, também, o seu próprio veículo de manifestação, ou seja, o CORPO MENTAL. Que afirma, de modo preciso, André Luiz:



"Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque, na realidade, é o corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si no corpo mental que lhe preside a formação."



Esclarecendo, ainda:



"O corpo mental, assinalado experimentalmente por diversos estudiosos, é o envoltório sutil da mente, e que, por agora, não podemos definir com mais amplitude de conceituação, além daquela com que tem sido apresentado pelos pesquisadores encarnados, e isto por falta de terminologia adequada no dicionário terrestre.” (4)





"(...) quanto â sua função, é o veículo imediato no qual o Eu se manifesta como inteligência; com relação ao seu desenvolvimento, cresce de vida para vida, proporcionalmente ao aprimoramento intelectual, organizando- se, também mais e mais definidamente à medida que os atributos e qualidades da mente se façam mais e mais marcantes; é oval - semelhante a um ovo - em seus contornos, e interpenetra os corpos astral e físico, e os rodeia com uma atmosfera radiante á medida que se desenvolve, fazendo-se cada vez maior, conforme aumenta a capacidade intelectual. Não é necessário dizer que esta forma oval se converte em um objeto formosíssimo e glorioso, quando o homem desenvolve as aptidões supe­riores da mente." (5)



Não podendo definir amplamente o corpo mental, por ora, dá-nos André Luiz interessantes notícias, auxiliando-nos a compreender- lhe o comportamento e a expansão evolutivos:



“Definimos o fluido, dessa ou daquela procedência, como sendo um corpo cujas moléculas cedem invariavelmente­ à mínima pressão, movendo-se entre si, quando retidas por um agente de contenção, ou separando-se, quando entregues a si mesmas.”

"No plano es­piritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e inestan­cável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cós­mico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando- a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.”

“Esse fluido é o seu próprio pensamento continuo, gerando poten­ciais energéticos com que não havia sonhado.” (6)



E acrescenta, em nova e magistral lição:



"O plano físico é o berço da evolução que o plano extrafísico aprimora. O primeiro insufla o sopro da vida, cujas edificações o segundo aperfeiçoa. A reencarnação multiplica as experiências, somando-as, pouco a pouco. A desencarnação subtrai-lhes lentamente as parcelas inúteis ao progresso do Espírito e divide os remanescentes, definindo os resultados com que o Espírito se encontra enobrecido ou endividado perante a Lei." (7)



Sendo o perispírito uma projeção do corpo mental, quanto mais evoluída a criatura tanto mais perfeito e radioso se revela o seu veículo espiritual. O inverso é, também, verdadeiro:



"O instrumento perispirítico do selvagem deve ser classificado como protoforma humana, extremamente condensado pela sua integração com a matéria mais densa. Está para o organismo aprimorado dos Espíritos algo enobrecidos como um macaco antropomorfo está para o homem bem-posto das cidades modernas. Em criaturas dessa espécie, a vida moral está começando a aparecer e o perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso. Por esse motivo permanecendo muito tempo na escola da experiência, como o bloco de pedra rude sob marteladas, antes de oferecer de si mesmo a obra-prima.. ." "O prodigioso corpo do homem na Crosta Terrestre foi erigido pacientemente, no curso dos séculos, e o delicado veículo do Espírito, nos planos mais elevados, vem sendo construído, célula por célula, na esteira dos milênios incessantes. .. até que nos transfiramos de residência, aptos a deixar, em definitivo, o caminho das formas, colocando-nos na direção das esferas do Espírito Puro, onde nos aguardam os inconcebíveis, os inimagináveis recursos da suprema sublimação." (8)



Infelizmente, na posição evolutiva em que se encontra, o homem não tem sabido usar, de maneira nobre, os recursos de que dispõe para aprimorar seus instrumentos de manifestação. Criações mentais de natureza inferior, cultivadas com sofreguidão e assiduidade, prejudicam enormemente os contornos morfológicos do corpo espiritual, de extrema delicadeza, onde ficam impressos todos os maus-tratos recebidos da mente. Daí a existência, no mundo extra físico, tão bem descrito por André Luiz, de desencarnados portando aleijões em suas formas, ou, então, os casos mais graves de seres humanos que se apresentam, grotescamente, sob forma animalesca, fenômenos esses denominados de zoantropia.

É fácil entender que o homem, ao alimentar, durante tempo relativamente longo, desejos e sensações próprios das faixas evolutivas subumanas, acabe imprimindo, ainda que provisoriamente, ao perispírito configurações equivalentes a esses impulsos e anseios. Na realidade, sob certos aspectos de natureza mental, não há muita diferença entre o gastrônomo inveterado e um suíno; entre o assaltante frio e calculista e um felino á espreita de sua presa; entre o enfatuado e um colorido pavão.

O ascendente mental sobre o corpo espiritual é tão grande que, em determinadas circunstâncias, os efeitos podem ser imediatos, dependendo da força do jato mental, como no caso narrado por André Luiz, em que um verdugo da Espiritualidade, arvorando-se em juiz de infeliz irmã com pesados débitos na última romagem terrena, e utilizando processo hipnótico de grande intensidade, compeliu-a a transforma-se numa loba. (9)

Outra com pungente situação de aviltamento do corpo espiritual é a que conduz ao seu desgaste, transformando- o numa espécie de esfera, de "formas indecisas e obscuras", num simples ovóide de tamanho um pouco maior que um crânio humano. (10)

Uma das causas mais freqüentes do desgaste do veículo perispirítico é a idéia fixa da vingança, do ódio. Eis como se dá esse processo deprimente:



"Inúmeros infelizes, obstinados na idéia de fazer justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do carro físico, envolvem sutilmente aqueles que se lhes fazem objeto de calculada atenção e, auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios? Acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veículo espiritual, porquanto, de órgãos psicossomáticos retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados as próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação, à face dos pensamentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo exigente que alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes. " (11)





É de se salientar que a forma ovóide é a do próprio corpo mental, como já foi dito acima. Assim, quando o Espírito se apresenta sob essa aparência é sinal de que ele está usando "apenas" o seu “corpo mental". Isto está confirmado por André Luiz, que, referindo-se a uma falange de Espíritos nessas condições, diz que eles se "caracterizavam pelo veículo mental". (12)

De tudo isso, tira-se uma conclusão curiosa: o ser humano, no mundo espiritual, perde seu veículo perispirítico ou por falta de uso adequado ou por prescindir dele, em planos de vibrações mais altas. Só que, nessas regiões, o corpo mental se apresenta muito diferente da formação limitada do ovóide já mencionado, conforme nos mostra André Luiz:



"Enriquecer a mente de conhecimentos novos, aperfeiçoar-lhe as faculdades de expressão, purificá-la nas correntes iluminativas do bem e engrandecê-la com a incorporação definitiva de princípios" nobres é desenvolver nosso corpo glorioso, na expressão do apóstolo Paulo, estruturando- o em matéria sublimada e divina. Essa matéria (...) é o tipo de veículo a que aspiramos, ao nos referirmos á vida que nos é superior. Estamos ainda presos ás aglutinações celulares dos elementos físioperispirí ticos, tanto quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões santificadoras.” (13)





(1) "Evolução em Dois Mundos", pág. 26.

(2) "O Livro dos Espíritos", Questão n 95.

(3) "Memórias de um Suicida", 1' ed., pág. 480.

(4) "Evolução em Dois Mundos", pág. 25 e nota de rodapé.

(5) "El Hombre y Sus Corpos". de Annie Besant. Editorial Schiaflro, Buenos Aires, pág. 67 e seguintes.

(6) "Evolução em Dois Mundos". págs. 95/96.

(7) Idem, pág. 101.

(8) "Entre a Terra e o Céu", pág. 132.



(9 ) "L1bertação", pág. 72.

(10) Idem, pág, 84.

(11) "Evolução em Dois Mundos", pág. 117.

(12) 'Libertação", pag. 115.

(13) Idem, pág. 86.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Profecias de Mainhdra 4

2ª. Revelação “Hoje meus pés tocam nesta terra, uma gota de meu rosto se derrama, meu suspiro se acrescenta, minha dor não se acalma, minha tristeza se lança, meu amor tudo se transforma”. Mainhdra fala de sua dor que Ela sente pelo que se sucede nesta terra, sua dor não se acalma, mas seu amor tudo transforma. “Minhas intenções não aparecem, as luzes já se apagam, meus anúncios já não agradam, os prediletos se afirmam, o canto vivo já não se satisfazem na Graça Providencial” . Ela nos fala de que tudo que se tem semeado na história do planeta com seu amor e sua luz não aparece, que seus anúncios não enchem os corações e que os fiéis, os que permanecem em seu amor começam a se afirmarem, porém há um canto vivo de Graça que foi providenciada do Alto, que não enchem o coração da maioria da população planetária. “Meu coração se quebra ela obscuridade que avança, minha luz se multiplicam àqueles que já não se espantam, meu corpo glorificado derrama suas últimas graças, minha transmutaçã

MANTRA THAYKHUMA

Sintonia com os Espelhos do Cosmo THAY KHU MA THAY KHU MA SAN TI MA NI SAN TI MA NI U RU pronúncia: tai cu ma/ tai cu ma/ san ti ma ni/ santi mani/ u ru faça em voz alta, ou baixa, sussurando, ou sentindo dentro do coração, o importante é fazer em doação como foi explicado no texto anterior sobre os mantras. bom proveito Fé, Paz,Luz,AMor,Perdão,Cura,Unidade,Humildade,Caridade,Transformação, Proteção, Reconciliação também são mantras que podemos utilizar diariamente, a td instante de nossas vidas,e quando os fizermos estejamos coligados com a energia de Mahindra, e sempre em doação LUZSEMPRE!

Traição (por Jorge Antonio Oro )

Vamos conversar sobre traição! Não vamos comentar o trair, com relação a si próprio, a pátria, e outros, que implicam na ciência da verdadeira ética. Vamos nos ater a comentar o “trair” passional, aquele que existe nos relacionamentos afetivos. Primeiro, temos que lembrar, que qualquer ato físico, foi gerado a partir de um impulso externo (fato, pessoa, etc). A partir disto, surge o instinto básico, que sobe para o astral, que o reveste das emoções associadas, que o passa para a mente concreta, que o analisa, e que por não ter força de vontade ou argumentos para sublimar o impulso, o devolve para o astral, que reveste-o novamente de expectativas, cria um ambiente fantasioso com o resultado esperado, devolve para o vital, que derrama adrenalina, hormônios e outras substâncias no sistema endócrino, que obstruirão de vez a razoabilidade, gerando então a decisão (na verdade é instinto, não decisão) ato em si. Assim, quando relatamos uma traição, estamos falando de um a