Venho aqui contar uma história muito interessante que aconteceu comigo nessa sexta-feira (23/08/13). Estava voltando do meu trabalho, em Niterói-RJ, quando chego no ponto de ônibus encontro este moço, sentado na calçada (num sol escaldante, visto que, hoje foi o dia mais quente do inverno no Rio!) fazendo esses croquis maravilhosos. Passei por ele olhando pros seus desenhos e parei do lado pra esperar meu ônibus. Vi que as pessoas passavam do lado e ficavam tão maravilhadas como eu! Meu ônibus estava demorando e resolvi ir lá de novo. Falei pra ele que os desenhos dele eram lindos e de muita qualidade e sabe o que ele me respondeu? “é um real”, com um sorriso no rosto. Em seguida, travamos um diálogo até meu ônibus chegar.
Eu: - Posso pegar qualquer um que eu quiser por um real?
Ele: - Pode sim!
Peguei o desenho.
Ele: - Desculpa ele estar sujo... é que eu fico no chão... Me dá aqui, vou tentar limpar com a borracha – pausa – Não. Vou deixar assim. Essa sujeira faz parte da minha arte.
Eu: - Muito lindos mesmo! Parabéns! Porque o senhor não assina eles depois que termina?
Ele: - É que eu não sei ler nem escrever...
Perguntei qual era o nome dele. É Carlos. Ensinei ele a fazer a letra “C” e disse que essa era a primeira letra do nome dele, pra ele colocar no final dos desenhos como uma assinatura. E então comecei a perguntar pra ele onde ele teria aprendido a desenhar com tanta perfeição. Ele respondeu que aprendeu na rua, vendo vitrines... As roupas? Ele inventa da própria cabeça! E quase no final da nossa conversa ele disse:
- Sabe qual é meu sonho? Ir no Luciano Huck. Ele é um cara de muito bom coração, eu queria muito que ele me ajudasse, fazendo tipo um desfile de moda da minha coleção. Eu tenho uma coleção inteira desenhada em casa, mas essas eu não trago pra rua. Elas valem muito, sabe? Eu venho pra rua pra vender meus desenhos porque eu preciso, e porque também tenho esperança que alguém me veja e me coloque na internet, me mostre pra ele. Se ele não puder fazer o desfile pra mim, eu queria ao menos os panos pra tentar fazer as roupas!
Luciano, não conheço nenhum quadro que você abra espaço pra fazer algo assim no seu programa. Mas os olhos desse moço tinham tanta esperança que eu resolvi trazer a história dele pra você! O sonho dele hoje não é um carro ou uma casa, mesmo que ele precise disso. Ele quer apenas uma oportunidade pra mostrar o trabalho dele num desfile. Caso não seja possível, ele apenas deseja os tecidos para que ele possa ter um ponto de partida para iniciar essa jornada de trabalho!
Conto com a sua ajuda!
Obrigada!
Deborah.
A imagem é ele desenhando no ponto de ônibus, e o desenho que eu comprei do lado!
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