Parte 1 de 5
Jorge Antonio Oro
O ódio que (não?) existe em mim! – Parte II - Da manutenção e Vitalização
Da manutenção e vitalização do ódio
a) Como os símiles convivem, podemos considerar como ligados ao ódio (graduações do ódio, ou o que é pior, caminhos para o ódio) sentimentos como: antipatia, aversão, rancor, repulsa, raiva, medo, desejo;
b) Há que lembrar-se que qualquer sentimento de ódio (e seus derivados) de uma pessoa para com a outra, reside (quer dizer, vive e se alimenta) em quem os sente, não em quem os provoca;
c) Lembre-se que a não exteriorização das emoções, o tempo que elas vivem em você, a quantidade de vezes que elas são lembradas/vivificadas, tudo isto vai fazer com que o entrelaçamento e a cristalização fiquem cada vez mais fortes, transformando-se em profundo ódio, sem que se perceba;
d) Se (infelizmente) você tiver um inimigo, a maior vitória dele é ser odiado por você. Simplesmente pq quem vai dar a vida para manter o ódio vivo em você, é você mesmo, não seu inimigo.
E o pior, como para odiar alguém você tem que ter um reflexo dele em sua alma, acaba se interligando diretamente ao odiado, como em um sistema de vasos comunicantes.
Assim, quanto mais odiar uma pessoa, mais vai ficar parecido com ela, a ponto de o ódio ser tão intenso que, em você, existe uma réplica perfeita da outra pessoa, pois você odeia tudo nela. Resultado, ele venceu, seu inimigo apoderou-se de sua alma;
e) Se você tem antipatia por alguém, para que a antipatia permaneça viva, em você deverá haver uma imagem da outra pessoa e das características que lhe incomodam, fazendo com que você se ligue vitalmente.
Desta forma, você passa a ser a fonte oculta que alimenta não só a permanência, mas também o fortalecimento daquelas características indesejáveis na outra pessoa.
E isto ocorre por uma razão muito simples: aquilo que você chama de antipatia precisa em você ser alimentada para existir. Então, isto faz com que as causas da antipatia aconteçam.
Lembra-se do ditado: “quanto mais eu rezo mais assombração me aparece”?? Pois é, é que na verdade, você reza pq tem medo, mas o medo precisa (e quer ficar vivo), então, enquanto você reza, o medo(fortalecido pela reza, pois afinal, você reza pq tem medo) “chama as assombrações”, para que você sinta mais medo e tenha que rezar mais, etc, etc, em um infindável ciclo vicioso. Chega ao ponto em que você passa a odiar assombrações! Pronto! O seu medo está fantasiado de ódio, e sobreviverá até que você descubra isto.
É só substituir os termos “medo” e “assombração” pelas emoções, coisas e pessoas do dia a dia, e você compreenderá qual o mecanismo que faz com que as coisas não sejam como você desejaria na vida.
f) “Eu odeio” é o mesmo que dizer: eu tenho ódio em mim, eu o mantenho vivo e eu me ligo a todo o ódio que existe. E quanto mais tempo eu odiar, mais isto será uma determinante na minha vida;
g) Há que se ter parcimônia no usar a palavra “ódio”, pois ao dizer o nome de alguma coisa ou ser, você o está invocando. “Eu odeio vermelho!”. Seria melhor dizer: “vermelho não me agrada, ou vermelho não me deixa feliz”;
h) Ou ainda, ao invés de dizer “eu odeio azul”, não seria melhor dizer “ Eu gosto somente de verde!”. A idéia está expressa, claramente, mas sem invocar nem alimentar o ódio. Quantas e quantas vezes usamos no dia a dia, de maneira quase indolente, palavras que prendem o ser humano, a humanidade, o planeta, em um passado que nos cabe transformar?
i) Quem foi que disse que é necessário odiar o oposto? Se eu gosto do verão, não preciso odiar o inverso. Somente gosto do verão, e o inverno que cumpra o papel dele. Eu não odeio o seu time de futebol, a questão é que eu só gosto do meu;
Para a humanidade, parece que o ódio é só um artifício para potencializar o gostar do oposto. E isto, a rivalidade, é estimulada de todas as formas pelos meios de comunicação, que sabem muito bem o que fazem e pq fazem;
j) Pq se usa a expressão “aquela pessoa destilou seu ódio”. Significa que aquela pessoa que assim agiu, tem em si os caminhos, as serpentinas, que lhe permitem potencializar e refinar o ódio, mas não mais o ódio que há em si, mas sim, um ódio especializado, derivado diretamente do ódio núcleo.
Quando alguém “destila ódio” está verbalizando palavras que, no mínimo, poluem o ambiente no qual são proferidas, prejudicando a todos que as ouçam.
A pessoa que destila ou que transpira ódio torna-se um “risco de contágio” para o ambiente onde esteja e para as pessoas que com ela convivam, pois serve como um elemento altamente atrativo para o despertar e exteriorizar de nidhanas que em cada um existam. É quase como um imã, gerando causas para atrair, criar e entrelaçar novas pessoas;
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